Abordagem inicial do paciente com ascite na emergência

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Ascite é um sintoma clínico que pode ser desencadeado por diversas doenças, principalmente a cirrose hepática. É uma condição caracterizada pelo acúmulo de fluidos na cavidade peritoneal e que pode vir a causar algum desconforto no paciente, como dispneia.

Além de dispneia, o paciente pode se queixar de um aumento do volume abdominal, que pode estar acompanhado por plenitude pós prandial e aumento do peso. Uma vez no pronto atendimento, deve-se pesquisar a etiologia da ascite. O enfoque aqui será na principal causa de ascite: a de etiologia cirrótica.

Investigação diagnóstica por exames complementares

Diante da suspeita de ascite, é de extrema importância a realização de uma ultrassonografia (USG). Além disso, é imprescindível realizar a paracentese, um procedimento médico que permite alívio sintomático e, através da análise do líquido, o diagnóstico etiológico da condição. 

Este exame é preconizado para todos os pacientes com ascite sem etiologia bem estabelecida ou para pacientes com ascite secundária à cirrose, que apresentem deterioração aguda clínico-laboratorial e/ou internação hospitalar. A investigação visa esclarecer se há hipertensão portal ou infecção do líquido ascítico. Uma vez colhido, deve-se solicitar as seguintes análises:

A dosagem de albumina permite calcular o índice GASA (Gradiente Albumina Soro-ascite), que irá orientar o manejo do paciente.

A exceção ao índice acima e suas correlações consiste na Síndrome Nefrótica, patologia que não representa uma doença peritoneal primária mas que, em decorrência da hipoalbuminemia, indica GASA <1,1

Cirrose Hepática

A cirrose hepática corresponde a 85% dos casos de ascite. Ao exame físico, caso haja mais de 1,5L de líquido, o médico assistente pode perceber certa macicez móvel, o que é considerado um achado de alto valor preditivo negativo. Além disso, em se tratando da ascite secundária à cirrose, pode-se perceber outras características no paciente como a teleangiectasias, ginecomastia, eritema palmar e icterícia.

É importante ressaltar que o paciente cirrótico é especialmente suscetível a complicações da ascite, como a Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE). Esta complicação advém da translocação de bactérias do intestino e possui alta taxa de mortalidade quando não é manejada de forma precoce.  

As características laboratoriais do paciente com ascite secundária à cirrose são:

  • GASA ≥ 1,1 g/dL;
  • Proteína total <2,5 g/dL;
  • Baixa celularidade;

Manejo na emergência

O manejo da ascite cirrótica não complicada possui 3 pilares: restrição de sódio, diureticoterapia caso o paciente esteja refratário a essa restrição e o afastamento do agente causador, como álcool ou hepatites. Caso seja necessária, a diureticoterapia pode ser realizada por meio da prescrição de furosemida 40 mg associada à espironolactona 100 mg, sendo a dose máxima 160 mg + 400 mg, respectivamente.

Referências

1 – Coelho BFL, Murad LS, Bragança RD. Manual de Urgências e Emergências. Rede de Ensino Terzi, 2020.

2 – Runyon BA. Evaluation of adults with ascitis. UpToDate, 2019.

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