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O Acidente Vascular Encefálico (AVE), junto com a cardiopatia isquêmica, constitui uma das principais causas de morte no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que ocorreram 15,2 milhões de óbitos apenas em 2016 decorrentes dessas condições.
Além da mortalidade, esse é um quadro de alta morbidade que impacta diretamente na qualidade de vida dos pacientes. Assim, devemos estar sempre preparados para detectar e manejar quadros clínicos de AVE, na tentativa de otimizar o prognóstico desses pacientes.
Os fatores de risco para a ocorrência do AVE incluem hipertensão, aterosclerose, cardiopatias, diabetes, estenose carotídea, dislipidemia, estados hipercoaguláveis, tabagismo e etilismo e AVE prévio, bem como episódios de acidente isquêmico transitório.
Dessa forma, em se tratando de situações pré-hospitalares o importante é identificar, de forma rápida e precisa, sinais clínicos que nos indiquem a hipótese de um possível AVE. Para isso, podemos utilizar escalas de triagem já validadas e que apresentam boa sensibilidade.
Atualmente existem diferentes escalas, como a de Cincinnati Prehospital Stroke Scale (CPSS), para auxiliar nesta abordagem. A CPSS é muito utilizada por se tratar de uma escala curta que avalia parâmetros clínicos extremamente importantes, dentre eles:
- Paralisia Facial;
- Fraqueza assimétrica do braço;
- Distúrbios da fala.
Nela, qualquer parâmetro alterado nos alerta para a hipótese de um AVE.
A American Stroke Association sugere, como meio de “popularizar” a triagem precoce de AVCs, o mnemônicoFace-Arm-Speech-Time (FAST). Ele basicamente recorda os principais pontos descritos na escala de Cincinnati.
É importante lembrar que a abordagem inicial e pré-hospitalar desses pacientes deve, acima de tudo, abranger sua estabilização, o que inclui uma atenção especial às vias aéreas, respiração e circulação do paciente.
Para mais detalhes sobre a abordagem sistematizada de pacientes graves ou potencialmente graves, acesse nosso texto: Como identificar e fazer a abordagem inicial do paciente grave.
A respeito da abordagem ABCDE nos pacientes com suspeita de AVE, não há, ainda, um consenso sobre o decúbito a zero grau, uma vez que não existem evidências de uma mudança no desfecho neurológico com a aplicação dessa medida.
O que é importante, nesse primeiro momento, é ter em mente que alguns pacientes, principalmente quando há um rebaixamento do nível de consciência, são incapazes de proteger via aérea, podendo apresentar também vômitos e hipoventilação em decorrência do acometimento cerebral.
Por isso, é crucial nos mantermos atentos à estabilização e suporte do paciente. Uma vez feito isso, devemos realizar o seguimento do atendimento em uma unidade de emergência.
Referências
1 – Coelho BFL, Murad LS, Bragança RD. Manual de Urgências e Emergências. Rede de Ensino Terzi, 2020
2 – Organização Mundial de Saúde (OMS). OMS revela as principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo entre 2000 e 2019. Organização Panamericana de Saúde – OPAS, Dez 2020.
3 – AHA. Fast Materials. American Stroke Association.