Apendicite Aguda – Diagnóstico e Manejo

A Apendicite consiste na inflamação do apêndice vermiforme, um órgão localizado na base do ceco, e está entre as principais causas de abdome agudo, assim sendo uma das principais indicações para cirurgias de emergência, no mundo todo.

Como saber se estou diante de uma apendicite?

Os principais sinais e sintomas são: dor abdominal (que costuma iniciar periumbilical e migrar para o quadrante inferior direito, na fossa ilíaca), anorexia, náuseas e vômitos. Outros aspectos mais inespecíficos são: indigestão, flatulência, febre e diarreia.

Para mais detalhes sobre a abordagem de dor abdominal, leia nosso texto: Dor abdominal no pronto atendimento.

Ao exame físico, alguns sinais são importantes na apendicite, tais como:

  • Sinal de Blumberg: descompressão dolorosa.
  • Sinal de Rovsing: dor no quadrante inferior direito ao pressionar o quadrante inferior esquerdo.
  • Sinal do Psoas: está associado a um apêndice retrocecal, caracteriza-se por dor no quadrante inferior direito à extensão da coxa direita, seguida de sua abdução, com o paciente em decúbito lateral esquerdo.
  • Sinal de Lenander: temperatura retal superior à axilar em mais de 1°C

O diagnóstico é essencialmente clínico e os exames laboratoriais ajudam mais na exclusão de doenças do trato geniturinário e na suspeita de perfuração (leucocitose maior que 20.000 cel/mm3, desvio à esquerda). Entre os exames de imagem, a radiografia não é de grande valia, ao contrário da ultrassonografia e da tomografia computadorizada (TC). A ressonância magnética (RNM) fica basicamente reservada para os casos duvidosos nas gestantes.

Alguns diagnósticos diferenciais incluem: diverticulite cecal, diverticulite de Meckel, doença de Crohn, abscesso ovariano, doença inflamatória pélvica, endometriose, cólica renal, torção testicular etc.

Para mais informações sobre cólica renal, acesse nosso texto: Diagnóstico e manejo de nefrolitíase na emergência.

Estou diante de uma apendicite. O que fazer agora?

O tratamento da apendicite consiste basicamente na remoção do apêndice (apendicectomia), principalmente nos casos de diagnóstico precoce (<48h) e sem complicações associadas. Apesar de a opção cirúrgica ser o padrão-ouro, cerca de 85% de todas as apendicites podem ser tratadas apenas com antibioticoterapia. Contudo, o tratamento não operatório não é usual devido ao alto índice de recorrência (aproximadamente  1/3), o que é considerado inaceitável diante da opção de uma cirurgia considerada simples.

Para os casos de diagnóstico tardio (>48h), é importante observar que no Tratado de Cirurgia de Sabinston há uma ponderação importante: diante de um paciente com peritonite difusa, a conduta é clínica, com reanimação volêmica agressiva, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, bem como por meio da realização da antibioticoterapia empírica. Se o paciente não apresenta peritonite difusa, deve-se fazer uma tomografia de abdome. Se essa evidenciar presença de abscesso, deve-se realizar a drenagem guiada pelo exame e antibioticoterapia, seguida por colonoscopia em 4-6 semanas e avaliar apendicectomia após 6-8 semanas. Contudo, se a TC evidenciar fleimão ou pequena quantidade de líquido, deve-se realizar antibioticoterapia seguida por colonoscopia em 4-6 semanas e avaliar a apendicectomia após 6-8 semanas.

A apendicectomia pode ser realizada via aberta (laparotomia) ou endoscópica (laparoscopia). Ambas possuem benefícios e limitações, sendo a laparoscopia superior pela menor taxa de infecção de ferida operatória, menor dor no primeiro dia pós-operatório e menor duração da internação. Já a laparotomia é superior pela menor taxa de abscesso intra-abdominal e menor tempo cirúrgico. 

Referências

1 – SMINK, D; SOYBEL, D.I. Management of acute appendicitis in adults. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate Inc. https://www.uptodate.com (Acessado em 10 de fevereiro de 2020).

2 – MARTIN, R.F. Acute appendicitis in adults: Clinical manifestations and differential diagnosis. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate Inc. https://www.uptodate.com (Acessado em 10 de fevereiro de 2020).

3 – SABISTON, D.C.Jr., ed. et al. Tratado de cirurgia: A base Biológica da prática Cirúrgica Moderna. 19ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados

Teste form RD

Total
0
Share