Pancreatite aguda: do diagnóstico ao tratamento

O episódio 141 do Podcast Corrida de Leito discute: Pancreatite aguda: do diagnóstico ao tratamento.

Etiologia

Essa patologia é uma das doenças gastrointestinais que mais causa hospitalizações. As principais causas incluem alcoolismo e doença calculosa biliar, mas a hipertrigliceridemia, hipercalcemia e causas medicamentosas também devem ser lembradas.

Diagnóstico

Seu diagnóstico depende da presença de dois dos três critérios:

  • dor abdominal característica;
  • elevação das enzimas pancreáticas (acima de 3x o valor de referência)
  • alteração no exame de imagem compatível com pancreatite (Tomografia computadorizada de abdome contrastada).

Para saber mais sobre as manifestações clínicas e diagnóstico da pancreatite aguda, clique aqui

Classificação

Do ponto de vista do acometimento pancreático, subdividimos a pancreatite aguda em edematosa intersticial (maior parte dos casos) quando há edema de todo o parênquima em decorrência da inflamação tecidual; e pancreatite necrotizante quando houver morte celular do parênquima pancreático (TC pós contraste com evidência de áreas de hipocaptação).

Já sobre a forma de apresentação e/ou presença de complicações locais/sistêmicas, podemos ainda categorizar a pancreatite aguda em leve, moderada ou grave. Na forma leve, não há disfunção orgânica ou complicações locais. Já na forma moderada, há disfunção orgânica extra-pancreática, mas com duração menor que 48h e/ou complicações locais como necrose, coleção ou ainda sistêmica como trombose da veia esplênica. E na pancreatite aguda grave depende da persistência da disfunção orgânica por mais que 48 horas ou da presença de alguma das complicações.

Nesse contexto, é importante observar que existem 03 escores preditivos de evolução para forma grave da doença: De Apache II , BISAP e Ranson. tendo em vista as variáveis clínicas da doença. O escore de BISAP, dentre os três, é o mais prático, uma vez que avalia um menor número de parâmetros e inclui a elevação do balanço nitrogenado da ureia, alterações do estado mental, dois critérios de Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), presença de derrame pleural e idade. O escore de APACHE II não é específico de pancreatite e utiliza inúmeras variáveis. Por fim, o escore de Ranson inclui variáveis de evolução clínica à admissão e após 48 horas, intervalo de tempo em que, por vezes, já se saberá se a evolução será favorável ou não.

Para saber mais sobre a classificação da pancreatite aguda na emergência, clique aqui

Tratamento

Quanto ao tratamento, os pilares constituem a hidratação venosa, preferencialmente com ringer lactato, em vazão de 5-10ml/kg/h nas primeiras horas, objetivando-se melhora dos dados vitais (FC < 120bpm, elevação da Pressão Arterial [Pressão Arterial Média entre 65-85mmHg] e melhora do débito urinário). Contudo, deve-se ligar o alerta acerca do risco de sobrecarga volêmica sobretudo em pacientes nefropatas e cardiopatas. O segundo pilar é o retorno da dieta, idealmente dentro das primeiras 24 horas, se ausência de vômitos e não exacerbação da dor.

Para saber mais, não deixe de escutar o episódio em nosso Podcast: Corrida de Leito.

Referências:

1 – Mederos MA, Reber HA, Girgis MD. Acute Pancreatites: A review. JAMA, 2021; 325 (4): 382-390.

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