“Highlights do episódio” do podcast “Infecção por Clostridioides difficile: uma revisão“
O Clostridioides difficile é uma bactéria gram positiva anaeróbia obrigatória, capaz de produzir toxinas e que coloniza o trato intestinal após a microbiota normal ter sido alterada, na maior parte dos casos pelo uso de antibióticos, sendo os mais implicados: fluoroquinolonas, carbapenêmicos, clindamicina, cefalosporinas e penicilinas.
Do ponto de vista clínico, a infecção varia de assintomática a fulminante, sendo a diarreia a apresentação mais característica. Em geral, devemos suspeitar de diarreia associada ao C. difficile em pacientes que apresentam três ou mais dejeções líquidas diárias no contexto de uso atual ou recente de antibióticos. Em casos graves, pode haver evolução para colite fulminante quando há sinais de toxemia como febre e choque, dor abdominal e distensão abdominal importante em decorrência do megacólon que pode evoluir para perfuração intestinal e abdome agudo.
Marcadores laboratoriais auxiliam na classificação desta infecção, segundo especialistas. Leucocitose superior a 15.000 células/mm3 e creatinina acima de 1,5mg/dL categorizam a colite como grave. Lembrando que, do ponto de vista clínico, a presença de toxemia e sinais de choque definem os quadros fulminantes, com alto risco de perfuração intestinal.
Sobre o diagnóstico, existem basicamente de 4 formas: pelo NAAT (Nucleic Acid Amplification Test), pesquisa do antígeno GDH, pesquisa das toxinas A e B por técnica de imunoensaio e cultura fecal. A pesquisa das toxinas A e B tem ampla distribuição, mas um resultado negativo não exclui a infecção por Clostridioides devido a possibilidade de degradação da toxina no armazenamento da amostra. Para reduzir essa possível lacuna, recomenda-se a realização concomitante do teste de pesquisa da GDH (ou glutamato desidrogenase), uma enzima do Clostridioides bastante estável nas fezes. Assim, na prática, costumam ser feitos em conjunto a pesquisa de GDH e toxinas: ambos positivos, confirmam a infecção, enquanto ambos negativos a afastam.
Sobre o controle de cura, não há indicação de repetição desses testes e, fechando a investigação diagnóstica com a endoscopia, esse exame não está indicado de forma rotineira, uma vez que, devido a friabilidade do intestino na colite, pode haver risco de perfuração.
Com relação ao tratamento, é necessário estabelecer inicialmente a gravidade e identificar recorrências. Em episódios únicos, leves ou graves, porém não fulminantes, tem-se como primeira linha de tratamento a fidaxomicina, um macrolídeo. Se indisponível, a vancomicina oral na dose de 125 mg 4x ao dia por 10 dias é uma boa alternativa. Já em casos fulminantes, a terapia de escolha é vancomicina oral em dose mais elevada de 500mg 4x ao dia associado a metronidazol endovenoso. E probióticos não tem eficácia comprovada.
Confira o episódio clicando aqui “Infecção por Clostridioides difficile: uma revisão“.