Acidose metabólica: como avaliar?

A acidose metabólica é um distúrbio frequentemente observado em pacientes internados. Sua definição se dá a partir de parâmetros gasométricos, ou seja, um pH <7,35 e HCO3<18. A investigação da causa base é fundamental para a reversão do quadro e será destrinchada a seguir.

Primeiro passo

O primeiro passo é verificar se a pressão parcial de gás carbônico (PCO2) encontra-se dentro da faixa esperada. Este cálculo se dá pela fórmula a seguir:

PCO2 esperado = [(1,5 x HCO3) +8] +-2

Caso a pCO2 esteja fora do esperado, pode haver uma acidose ou alcalose respiratória associada.

Segundo passo

Feito isso, calcule o ânion-gap (AG), ou seja, a diferença entre os cátios e os ânions presentes no sangue:

Ânion-gap (AG) = Na sérico – (HCO3 + Cl) (VR: 8-12 mEq/L)

Se o AG estiver elevado (>12), investigue cetoacidose diabética e hiperlactatemia -presente nos cenários de hipoperfusão, sobretudo choque séptico. Vale lembrar que, caso o paciente possua hipoalbuminemia, deve-se fazer a correção do cálculo.

Como auxilio, faça a relação delta AG sobre delta bicarbonato (vide abaixo). Um resultado igual a 1 é esperado em um quadro de cetoacidose com funçaõ renal preservada; Um resultado > 1 é esperado na hiperlactatemia e < 1 nas perdas de bicarbonato associadas, como em diarreia.

Delta AG / Delta HCO3 = (AG – 12) / (24-HCO3)

Caso a acidose metabólica seja de AG normal (ou hiperclorêmica), investigue as perdas intestinais ou por fístula pancreática e, se dúvida, utilize o cálculo do ânion gap urinário, cujo resultado negativo reforça as perdas de bicarbonato. Por sua vez, valores positivos do AG urinário direcionam a investigação para as acidoses tubulares.

AG urinário = (Na + K) urinários – Cl urinário

Para saber mais, não deixe de escutar o episódio #186 do nosso podcast: Chama o plantão – corrida de leito

Referências
  1. Pena HG, et. al. Tratado de Medicina Intensiva – AMIB. Ed Atheneu, 2014.
  2. Schettino G., et al. Paciente crítico: diagnóstico e tratamento. Ed Manole, 2012.
  3. Lopes AC. Tratado de Clínica Médica. Ed Roca, 3a ed, 2015.
  4. Emmett M., Szerlip H. Approach to the adult with metabolic acidosis – Uptodate, 2024.
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