O estado mixedematoso trata-se de uma forma grave e potencialmente fatal do hipotireoidismo, geralmente de longa duração, resultantes do hipotireoidismo não tratado, em que os mecanismos adaptativos para manter a homeostase são rompidos. Acomete sobretudo mulheres com mais de 60 anos, nos meses de inverno, já que a exposição ao frio é evento deflagrador.
Diante de toda paciente (reforçando a maior prevalência entre mulheres) com letargia, estupor ou coma que se apresente com hipotermia ou termoregulação defeituosa, associada a hipoventilação e hiponatremia, deve-se ter a hipótese de coma mixedematoso como uma possibilidade, sobretudo se história de hipotireoidismo prévio (vide escore de avaliação diagnóstica abaixo).
Diagnósticos diferenciais para o estado de coma também devem ser pesquisados. Atrelado a isso, deve-se identificar os gatilhos para a condição, como infecção, exposição ao frio, cirurgias ou doenças agudas como Infarto Agudo do Miocárdio (IAM).
O diagnóstico é confirmado pela dosagem laboratorial de T4 livre, que encontra-se reduzido, pelo aumento de TSH (se origem primária ou reduzido se central), além da dosagem de cortisol, devido a insuficiência adrenal associada. O tratamento deve ser iniciado antes da confirmação laboratorial, já que se trata de uma emergência endócrina.
Escore de avaliação diagnóstica:
Uma pontuação acima de 60 é extremamente sugestiva de coma mixedematoso. Já entre 25-59 há apenas uma sugestão deste diagnóstico. Abaixo de 25 pontos, o quadro é improvável.
Alterações no ECG incluem prolongamento do intervalo QT, complexos de baixa voltagem, alterações, bloqueios de ramo e cardíacos e alterações inespecíficas do segmento ST.
Tratamento
Dose de ataque de T4: 200 a 400 mcg endovenoso (EV) ou 500 mcg Via Oral (VO), seguida de manutenção de 50-150 mcg VO ao dia. Alguns autores recomendam uso de doses menores em pacientes com doença arterial coronariana. Caso a reposição de manutenção continue por via EV, usar 75% da dose recomendada por via oral
A terapia combinada com T3 e T4 parece ser adequada para pacientes jovens sem doença coronariana ou arritmias. Sua posologia é de uma dose de 10 mcg de T3 e 200 a 300 mcg de T4 EV, mantendo 50 a 100 mcg T4 VO ou EV e 10 mcg EV de T3 a cada 8 ou 12 horas nas primeiras 48 horas de tratamento ou até o paciente recuperar o nível de consciência.
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