Rinossinusites: do diagnóstico ao tratamento

As rinossinusites são infecções de vias aéreas superiores (IVAS) que envolvem os seios paranasais e a mucosa nasal

Considerando que os sintomas de rinossinusites são comuns à infecção por SARS-CoV-2, é importante  a realização do exame de swab nasofaríngeo  para excluir esta possibilidade. Caso o exame não esteja disponível, o paciente deve receber orientações de isolamento. 

Classificação

Classificar uma rinossinusite é importante para auxiliar na diferenciação etiológica. As rinossinusites agudas geralmente são autolimitadas, com resolução completa de 3 a 5 dias. Já quadros subagudos podem ter uma duração de até 12 semanas. Acima de 3 meses de sintomas, classifica-se a rinossinusite como crônica

As rinossinusites aguda e subaguda são mais comuns em decorrência de quadros virais. Nesse sentido, é necessário recapitular que há um alto índice de prescrição equivocada de antibióticos. É interessante observar que até mesmo rinossinusites bacterianas podem dispensar o uso destes medicamentos, tendo em vista que, em sua maioria, se tratam de quadros autolimitados. É importante ressaltar que a rinorreia purulenta não é sinônimo de infecção bacteriana.

Quadros bacterianos são provocados principalmente pelas bactérias H. influenzae, M. catarrhalis e S. pneumoniae. A etiologia bacteriana deve ser levantada quando o paciente apresentar piora do quadro clínico após o 5o dia de sintomas ou possuir uma duração superior a 10 dias.

Por fim, é interessante observar que alguns quadros de IVAS são alérgicos, e que alguns pacientes estão mais susceptíveis a desenvolvê-los, como quando há um histórico familiar positivo de atopias, uso precoce de antibióticos, exposição ao fumo e presença de Imunoglobulina E (IgE) específica. 

Quadro clínico

Como já abordado acima, o paciente apresenta sintomas correspondentes às vias aéreas superiores, como pressão facial envolvendo seios paranasais e rinorreia, referente à mucosa nasal, hiposmia. Alguns quadros são concomitantes a conjuntivites, podendo, então, o paciente referir algum lacrimejamento e prurido ocular ou algum incômodo em região orofaríngea.

Diagnóstico

O diagnóstico de rinossinusites é clínico. Ao exame físico, o paciente pode apresentar edema infraorbital devido a dilatação venosa subcutânea, mucosa nasal pálida, rinorreia visível anteriormente ou por gotejamento posterior orofaríngeo, em casos em que há obstrução das conchas nasais. 

É interessante observar que pode haver sintomatologia otológica, como otalgia, com retração da membrana timpânica, por disfunção e edema significativo da tuba auditiva, que se comunica com a via aérea superior. 

No que diz respeito a exames complementares, é imprescindível ressaltar que a radiografia dos seios da face não possui valor diagnóstico, apenas para avaliar complicações. Caso necessário, a rinoscopia com fibra óptica pode ser útil, mas não essencial, para avaliação do quadro em pacientes acima de 5 anos.  

Diagnósticos diferenciais

Em crianças abaixo de 2 anos, é necessário investigar diagnósticos diferenciais, tendo em vista que o quadro não é comum, especialmente de etiologia alérgica. Entre as causas possíveis, estão a hipertrofia de adenóide, anormalidades congênitas e corpos estranhos.

Para pacientes mais velhos, deve-se investigar outras etiologias inflamatórias e não inflamatórias, como rinite pelo uso crônico de vasoconstritores nasais, pelo uso de medicações de ação sistêmica, como anticoncepcionais orais combinados, algumas classes de anti hipertensivos – a exemplo de bloqueadores da angiotensina -, ou por alterações hormonais relacionadas à gravidez e ao hipotireoidismo. 

Tratamento

Descongestionantes nasais possuem pouca evidência científica de melhora sintomatológica, e, quando utilizados, devem ser prescritos com a posologia de, no máximo, 5 dias, sob risco de efeito rebote. Os anti-histamínicos orais e mucolíticos não apresentam benefícios comprovados na rinossinusite aguda de causa infecciosa.

A lavagem da cavidade nasal com soro fisiológico pode ser eficaz e consiste em não criar um ambiente propício para o crescimento de patógenos, podendo auxiliar na congestão nasal.  

O tratamento sintomático com analgésicos é indicado para dor e/ou febre e, caso haja sintomas graves , é possível optar pelo uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES). Por fim, o uso de corticoides de uso tópico pode auxiliar o alívio da congestão nasal por reduzir a inflamação e facilitar a drenagem de secreção nasal.

Os antibióticos são indicados na minoria dos casos. Considerando os agentes etiológicos mais comuns, a amoxicilina é a primeira opção de tratamento. Sua associação com clavulanato é preconizada para idosos, tabagistas, diabéticos ou demais pacientes com quadros mais graves, por 5 a 7 dias.

Se o paciente possuir alergia à penicilina pode-se lançar mão de quinolonas respiratórias como levofloxacina. Os macrolídeos não são preconizados para rinossinusites agudas devido ao aumento da resistência bacteriana à essa classe.

Referências

1 – deShazo RD, Kemp SF. Allergic Rhinitis: clinical manifestations, epidemiology and diagnosis. UpToDate, 2022

2 – Rinossinusite Aguda: do diagnóstico ao tratamento. Bernardo Levindo Coelho, Vandak Nobre e Juliana Vieira. Corrida de leito, Curem Lab. 4 FEV de 2022. 

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