Encefalopatia Hepática: disfunção cerebral potencialmente reversível

A encefalopatia hepática é uma disfunção cerebral potencialmente reversível causada por insuficiência hepática e/ou pelo shunt portocava, cujas manifestações vão desde alterações neuropsiquiátricas pouco pronunciadas até o coma. Nesse contexto, a encefalopatia hepática carrega grande impacto na morbidade dos pacientes com cirrose, afetando também o contexto social desses indivíduos.

Fisiopatologia

A principal substância implicada no surgimento da encefalopatia hepática é a amônia, cuja principal fonte advém da metabolização de substâncias, sobretudo proteínas, pelas bactérias intestinais. Como uma das funções dos hepatócitos é promover a eliminação da amônia (ao convertê-la em glutamina), quando há dano a essas células, o resultado é o aumento da amônia circulante.

Como consequência, ocorre um processo de neurotoxicidade, já que o excesso de amônia circulante prejudica a produção de alguns neurotransmissores, como a serotonina, além de contribuir para edema cerebral.  Além disso, a sarcopenia da cirrose também contribui para o acúmulo de amônia, já que a massa muscular também participa de sua depuração

Diagnóstico

Quanto à avaliação diagnóstica, apesar de ter um racional fisiopatológico, a dosagem sérica da amônia não faz parte da avaliação diagnóstica rotineira, uma vez que a hiperamonemia não é específica de encefalopatia hepática.

O diagnóstico então será estabelecido por meio da apresentação clínica associada à exclusão de outras patologias. Quanto aos sinais e sintomas, a encefalopatia hepática envolve alterações cognitivas, psiquiátricas e musculares, variando de estágios leves a avançados, podendo alcançar o coma, conforme classificação de West-Heaven.

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Tratamento

A primeira linha de tratamento no Brasil é principalmente a lactulose, objetivando 2 a 3 evacuações diárias. Além disso, a dieta normoprotéica e a correção dos fatores precipitantes são preconizados. Nesse sentido, a correção da hipocalemia é de extrema importância, por se associar ao aumento da produção da amônia a nível renal, o que acaba exigindo a suspensão dos diuréticos (frequentemente usados pelos cirróticos).

Para saber mais, não deixe de escutar o episódio 146 do Podcast Corrida de Leito.

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