Ácido tranexâmico: quando utilizar?

O ácido tranexâmico é um agente antifibrinolítico, ou seja, ele inibe a fibrinólise e, como consequência, pode controlar um sangramento já que permite a manutenção do coágulo.

Fisiologicamente, o sistema hemostático atua no processo de prevenção e interrupção de sangramentos por meio da hemostasia primária e secundária, como também de sua degradação, denominada fibrinólise. Apesar de parecer contraditório ter um sistema de fibrinólise, ou seja, um sistema de quebra de coágulo junto à hemostasia, o racional fisiológico advém da necessidade de restauração da patência dos vasos por meio de fatores proteolíticos e regulatórios.

Em outras palavras, caso a hemostasia deflagrasse uma formação de coágulos desenfreada e sem fator contrabalanceador como o sistema fibrinolítico, pode-se ter a cessação do sangramento, mas também a formação de um trombo oclusivo como consequente isquemia.

Do ponto de vista farmacológico, o ácido tranexâmico atua como análogo proteico, que se liga ao plasminogênio interrompendo a degradação da fibrina. O seu uso está indicado em situações como:

  • Traumas: envolve a hemorragia em sua fase hiperaguda, e seu benefício é maior na redução da mortalidade se utilizado dentro das primeiras 3h do evento traumático. A recomendação é utilizar na dose de 1g em (ataque) por 10 minutos, seguido de 1g em infusão por 8h (podendo ser diluído em soro fisiológico ou glicosado).
  • Hemorragia pós parto e menorragias: o uso também pode ser empregado no sangramento uterino anormal, especialmente em casos onde a perda de sangue é significativa. Nesse caso, é importante ressaltar que é uma estratégia de segunda linha, já que o uso de terapia hormonal combinada (em pacientes estáveis) ou intervenção cirúrgica é o tratamento preconizado como primeira linha.
  • Cirurgias: pode ser utilizado para reduzir sangramentos excessivos durante ou após cirurgias, principalmente cirurgias cardíacas, ortopédicas e ginecológicas.
  • Epistaxe: pode ser utilizado, geralmente de forma tópica, para controlar sangramentos nasais recorrentes ou graves.
  • Hematúria: embora faltem evidências contundentes, pode ser usado também em contextos clínicos como hematúria macroscópica, com aplicação tópica intravesical. Nesse contexto, deve ser considerado o risco trombogênico do ácido tranexâmico, já que a formação de coágulos com obstrução do trato urinário já foram reportados.

Por outro lado, na hemorragia digestiva alta não há benefício desta medicação.


Para saber mais, não deixe de escutar o episódio#192 do nosso PodCast: Chama o plantão – Corrida de Leito.

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