A ultrassonografia (USG) pulmonar à beira-leito é uma ferramenta de auxílio diagnóstico, que possui maior acurácia que o Raio-X de tórax e ausculta pulmonar, e que pode ser empregada em alguns contextos na emergência. Seu uso é indicado para situações em que o paciente se encontra em insuficiência respiratória aguda, devido a condições como: pneumotórax, derrame pleural, consolidações e síndromes intersticiais.
Nesse contexto, o protocolo BLUE, criado pelo médico intensivista dr. Daniel Lichtenstein, pioneiro na USG pulmonar, determina pontos de avaliação bilateral dos pulmões, uma vez que a imagem estática não é adequada para avaliação do órgão. Confira na imagem abaixo:
Figura 1: Pontos de avaliação Pulmonar. Fonte: Coelho BFL, et al. Manual de Urgências e Emergências. Ed. Curem, 2020. Arquivo pessoal de Ataíde, TBLS.
1 e 2: Parede torácica anterior
3 e 4: Linha axilar anterior
5 e 6: Janela costofrênica
Além dos 3 pontos de análise bilateral, a janela costofrênica é avaliada na emergência, conforme imagem abaixo:
Figura 2: Pontos de avaliação Pulmonar. Fonte: Coelho BFL, et a.. Manual de Urgências e Emergências. Ed. Curem, 2020. Arquivo pessoal de Ataíde, TBLS.
Dito isto, é importante enaltecer os achados na avaliação do pulmão normal sob visualização do USG:
- Sinal do Morcego: Costelas e linhas pleurais
- Deslizamento da Pleura: confirmado no modo M pelo “sinal da praia”
- Linhas A: linhas horizontais geradas pela reverberação da imagem pleural
Figura 3: “Sinal do morcego” à esquerda. Linhas A (cabeças de seta) e pleura identificada pela seta à direita. Fonte: Coelho BFL, et al. Manual de Urgências e Emergências. Ed. Curem, 2020. Arquivo pessoal de Ataíde, TBLS.
Já os achados patológicos na USG pulmonar dependem da relação entre ar e líquido, provocada pela patologia, como pode ser visto a seguir:
- Derrame pleural: apenas líquido
- Síndromes intersticiais: predomínio de ar
- Consolidações: predomínio de líquido
- Pneumotórax: apenas ar
Na figura abaixo há um exemplo da USG pulmonar à beira leito com achado patológico em B, indicativo de pneumotórax, onde a região granulada (“areia”) não é vista, apenas as imagens lineares (“estratosfera”) .
Figura 4: Modo M. A. Pulmão normal. Note imagens lineares acima da linha branca (“mar”) e imagem granulada abaixo da linha (“areia”). B. Pneumotórax. Fonte: Coelho BFL, et al. Manual de Urgências e Emergências. Ed. Curem, 2020. Arquivo pessoal de Ataíde, TBLS.
O pneumotórax é uma condição em que não há líquido nos pulmões, apenas ar, o que auxilia o diagnóstico, como dito anteriormente.É interessante observar que em um doente com esta condição, o USG é capaz de concluir a hipótese diagnóstica em questão de segundos, enquanto, em muitos casos, se realizado o Raio-X de tórax e a imagem for inconclusiva, é necessário solicitar uma tomografia de tórax para confirmar a condição, o que gera maior oneração ao sistema e um atraso na conduta.
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Referências
1 – Coelho BFL, et al. Manual de Urgências e Emergências. Ed. Curem, 2020
2 – Lichtenstein DA. Ultrasound in the management of thoracic disease. Crit Care Med 2007 Vol. 35, Nº. 5