Outubro rosa: mantenha-se atualizado sobre o rastreamento de câncer de mama e de colo uterino

No mês de outubro se trabalha a conscientização quanto à prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento do câncer de mama e, mais recentemente, do câncer de colo de útero. A mamografia e o exame citopatológico identificam alterações provenientes da proliferação de células cancerígenas e/ou lesões precursoras. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior é a chance de recuperação e de sucesso do tratamento

O Brasil possui uma das maiores incidências de câncer de mama da América Latina, onde cerca de 61,9 a cada 100.000 mulheres apresentam a doença. Já o câncer de colo de útero representa o 4o tipo de neoplasia mais frequente nas brasileiras.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) não preconiza o auto exame das mamas como exame de rastreio e/ou prevenção, mas como empoderamento e autoconhecimento corporal. Isso se deve, por exemplo, ao fato de que a mulher pode vir a confundir algumas glândulas mamárias com nódulos, o que causa ansiedade e a realização de biópsias em demasia. É fundamental ressaltar que a palpação não substitui o exame de rastreamento do câncer de mama. No que diz respeito à faixa etária preconizada para rastreio, é interessante observar que há algumas diferenças nas recomendações da Sociedade Brasileira de Mastologia e do Sistema Único de Saúde[1], bem como entre outras entidades representativas, mas que, a partir dos 50 anos, é um consenso mundial que a mamografia deve ser realizada. 

No Sistema Único de Saúde (SUS), a mamografia é preconizada para mulheres entre 50 e 69 anos a cada dois anos, a depender do resultado do exame anterior. Caso a mulher tenha um alto risco de desenvolver o câncer de mama, a recomendação é iniciar o rastreio aos 30 anos.

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Já o rastreamento do câncer de colo de útero é oferecido pelo SUS a mulheres que têm entre 25 e 64 anos e que já iniciaram a vida sexual. É importante ressaltar que homens trans e pessoas não binárias designadas como mulheres ao nascer, também precisam realizar o exame. Após 2 exames consecutivos e sem alterações, o exame citopatológico deve ser realizado a cada 3 anos para esta faixa etária. 

Câncer de mama

Classificação de risco

O rastreamento de qualquer neoplasia sempre é de maior valor para aqueles indivíduos com uma probabilidade maior de desenvolvê-la, e para aqueles no qual o tratamento precoce é mais eficaz na redução de mortalidade do que posterior à intervenção. Por isso, faz-se importante a determinação do risco de uma pessoa desenvolver câncer de mama, além de usar essa informação a fim de recomendar a melhor estratégia de rastreio e a frequência para tal. 

Mamografia

A mamografia consiste na emissão de Raios-X que penetram não só no tecido mamário, mas no tecido adjacente. O exame deve ser realizado em duas incidências: crânio caudal e mediolateral oblíqua, o que permite maior visualização de alterações. Caso apenas uma incidência esteja disponível, a preferência deve ser pela mediolateral oblíqua

A compressão das mamas é fundamental para um bom resultado do exame e deve ser realizada pelo radiologista. Um mau posicionamento pode excluir alguns ângulos da mama e impedir a visualização de massas cancerosas.

Achados nos exames de imagem

A mamografia pode apontar anormalidades como massas, calcificações e assimetrias. Confira abaixo os principais achados do exame:

O resultado do exame é descrito de acordo com o manual BI-RADS (Breast Imaging-Reporting and Data System), com o intuito de uniformizar sua interpretação ao redor do mundo. A localização das lesões é descrita de forma anátomo-topográfica e de acordo com sua incidência: crânio caudal ou lateral. 

Todos os exames com classificação BI-RADS de 0, 4 ou 5 necessitam de maior investigação, seja por meio de outros exames de imagem, como a ultrassonografia, ou por meio da realização de biópsias. As categorias 1 e 2 do BI-RADS preconizam o seguimento da rotina de rastreamento para a faixa etária. Já a categoria BI-RADS 3 reduz o intervalo de realização do exame para 6 ou 12 meses por 3 anos. Quando a malignidade é comprovada pela biópsia, a classificação é de BI-RADS 6.  Observe a tabela abaixo: 

Fonte: BRASIL. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. 2a ed. Ministério da Saúde, 2013;  Venkataraman S, Slanetz PJ, Lee CI. Breast imaging for cancer screening: Mammography and ultrasonography. UpToDate, 2021

Estabelecida a necessidade de exames de imagens adicionais, parte-se para a mamografia diagnóstica que, diferente da mamografia de rastreio, conta com técnicas de compressão focais específicas e é sempre acompanhada pelo radiologista. Este interpreta os achados do exame e pode fazer suas recomendações diretamente à paciente.

Câncer do colo do útero

Exame Citopatológico

Consiste em um esfregaço realizado por meio do espéculo vaginal, de uma espátula e escova específicas para o exame. Por provocar descamação da superfície externa e interna do colo do útero, é capaz de detectar alterações nas células e lesões precursoras de neoplasia, o que permite o tratamento em fases iniciais da doença e reduz a mortalidade relacionada à doença. 

Gestantes, imunodeprimidas e mulheres na pós menopausa devem realizar o exame conforme indicado para faixa etária. Já mulheres que passaram por histerectomia total por lesão benigna, com 2 resultados anteriores normais, e mulheres sem história de atividade sexual não devem ser submetidas ao rastreamento

Podem estar presentes na amostra do epitélio do colo uterino: células escamosas, glandulares e metaplásicas. 

Resultado do exame citopatológico
Fonte: BRASIL. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. INCA, 2016
Referências

1 – Elmore JG, Lee CI. Screening for breast cancer: Strategies and recommendations – UpToDate, 2021. 

2 – Venkataraman S, Slanetz PJ, Lee CI. Breast imaging for cancer screening: Mammography and ultrasonography. UpToDate, 2021.

3 – BRASIL. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. INCA, 2016.

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