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A anemia é uma síndrome muito frequente na prática clínica e é definida como condição na qual a concentração sanguínea hemoglobina está abaixo dos valores esperados. Segundo a definição dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a anemia é diagnosticada por meio da análise laboratorial do sangue, ou seja, pelo hemograma.
Estima-se que sua prevalência alcance 25% da população mundial. Ainda assim, os quadros anêmicos devem sempre ser analisados como uma manifestação clínica e não como uma patologia por si só. Dessa forma, quando estamos diante de uma anemia, é preciso analisar as características relativas à ela, bem como os sinais e sintomas que envolvem o quadro, criando um raciocínio clínico que guie para a causa etiológica.
Um dos primeiros passos para entender a anemia como manifestação clínica, é a compreensão da sua fisiopatologia.
Fisiopatologia
As hemácias (He), conhecidas por eritrócitos, são células anucleadas e em formato de disco bicôncavo, produzidas, no ser humano adulto, na medula óssea de ossos longos, por meio de um processo chamado eritropoiese. Contém a hemoglobina (Hb), uma proteína essencial para o transporte de oxigênio para o corpo humano.
A forma comum de Hb no adulto é a hemoglobina A (Hb A), composta por duas cadeias beta e duas cadeias alfa, com cada cadeia apresentando um grupo proteico Heme, que contém um átomo de ferro (Fe 2+).
O grupo heme – formado por Protoporfirina IX + Ferro – é o grande responsável pela ligação com o oxigênio. Sendo assim, qualquer condição que leve à produção anormal de alguma dessas cadeias pode alterar não apenas a forma da hemácia, mas também a afinidade da Hb ao oxigênio.
Portanto, a anemia consiste na redução quantitativa ou qualitativa de hemoglobina nas hemácias, podendo cursar com repercussões clínicas. Os valores de referência da Hb variam de acordo com sexo e idade, sendo utilizado os parâmetros: 13g/dL para homens, 12g/dL para mulheres e 11g/dL para gestantes e crianças.
São diversas as causas que podem levar à queda da Hb, seja pela falta de substrato, pela perda sanguínea ou pela diminuição na sua produção. Por isso, em um quadro de anemia, as hemácias podem se apresentar com características citológicas e padrões proliferativos diferentes, por consequência direta da sua etiologia.
Essas características podem, portanto, nos guiar para as possíveis etiologias da anemia. Assim, como uma forma de reduzir o espectro de hipóteses diagnósticas e traçar uma propedêutica adequada, podemos classificá-la das seguintes maneiras:
Dessa forma, a primeira classificação pode ser avaliada apenas com os dados do hemograma (índices hematimétricos), enquanto a segunda forma requer a contagem de reticulócitos. São classificações complementares que auxiliam expressivamente o raciocínio clínico.
Apesar de cursar com manifestações clínicas como cansaço, fadiga, palidez, cefaléia, dentre outros sintomas, a anemia pode, muitas vezes, ser um quadro assintomático. Mas, por se tratar de um sintoma, independente de suas repercussões, é importante que toda anemia seja investigada.
Referências
1 – Coelho BFL, et. al. Manual de Urgências e Emergências. Rede de Ensino Terzi, 2020.
2 – Guyton AC; Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
3 – Brodsky RA. Diagnosis of hemolytic anemia in adults. UpToDate, 2020
4 – Fisberg M, Lyra I, Weff V, et. al. Consenso sobre anemia ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica!. Sociedade Brasileira de Pediatria. Junho, 2018.