Abordagem da diarreia aguda

“Highlights do episódio”  do podcast Abordagem da diarreia aguda“.

Diarreia é a presença de 3 dejeções diárias acompanhadas de consistência anormal das fezes, em geral amolecidas ou aquosas. É classificada como aguda quando dura menos que 2 semanas, persistente quando dura de duas a 4 semanas e crônica se mais de 1 mês. A depender da intensidade e duração da diarreia, podem ocorrer síndromes disabsortivas e distúrbios hidroeletrolíticos. Há também uma classificação baseada nas características das fezes, assim como no volume e frequência das dejeções no intuito de diferenciar sua origem, mas essa avaliação nem sempre é factível. Termos relacionados a sua fisiopatologia podem facilitar o raciocínio etiológico, como esteatorreia característica de síndromes disabsortivas, disenteria quando há perda de muco e/ou sangue, representando síndromes inflamatórias ou infecções por bactérias enteroinvasivas ou ainda a diarreia funcional, quando se observa relação clara com fatores emocionais aliado à exclusão de causas orgânicas. 

A avaliação deve incluir a identificação de sintomas associados como náuseas, vômitos, febre, sinais de desidratação, como redução do tempo de enchimento capilar, oligúria ou urina concentrada, taquicardia, hipotensão ortostática, além da avaliação da intensidade da dor abdominal e a presença de disenteria. Todos esses dados são importantes para o manejo, incluindo a decisão de se prescrever ou não antibióticos. A investigação da exposição também faz parte da anamnese já que o início do sintoma e o consumo de alimentos mal conservados pode dar pistas da etiologia: diarreias que se iniciam em até 6h do consumo de algum alimento suspeito remetem à toxinas bacterianas pré-formadas contaminando o alimento, dispensam antimicrobianos. Já uma temporalidade superior a 16h indica  tanto infecção viral, bacteriana e por protozoários, especialmente se viagens recentes.

O diagnóstico é  essencialmente clínico e a maior parte de etiologia viral, mas sinais de disenteria, febre, dor abdominal intensa, desidratação grave e/ou número de evacuações elevados e em piora devem remeter causas bacterianas, estando o início de antibiótico autorizado, sendo azitromicina a primeira opção. A reidratação deve priorizar a reposição com soro oral em pequenas quantidades, caso não haja vômitos e ausência de gravidade e a dieta está liberada, evitando-se alimentos lácteos e preferindo os derivados de amido. Lembrando ainda que probióticos não possuem benefício.

Confira o episódio clicando aquiAbordagem da diarreia aguda“.

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